Marcelo Alves fala sobre a campanha salarial dos servidores de Juazeiro do Norte

O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Juazeiro do Norte, Marcelo Alves concedeu entrevista no programa Contraponto Jornal na 91 FM Rádio Iracema do Cariri quando falou sobre a campanha salarial dos servidores. Alves avaliou também o ano de 2019 para os servidores e trabalhadores e falou da disposição do sindicato para este ano que se inicia. Você pode assistir a íntegra da entrevista no link: https://www.youtube.com/watch?v=jyTmvMgyxgQ

Qual retrospectiva você faz do ano de 2019? 

Foi um ano pouco atípico dentro da estrutura organizacional do Sisemjun (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte). Mas assim, ele teve de tudo um pouco. Mas, sempre na mesma trajetória com muita luta, o ano de 2019 posso pensar em algumas vertentes sempre pensando na autonomia, na independência da nossa entidade em relação a governos e patrões. E que isso facilitou muito a nossa atuação em relação a campanha salarial de 2019 que foi absolutamente exitosa. Foi uma campanha salarial mais importante da história do nosso sindicato. Foi uma campanha salarial que a gente conseguiu valorizar um pouco mais principalmente aquele servidor que tem os menores salários. Hoje,  na administração direta de Juazeiro do Norte nenhum servidor tem salário base mais equivalente a um salário mínimo, todo mundo, nem que seja um pouquinho a mais ganha um pouco mais que um salário mínimo como os auxiliares de serviços gerais que são mais  de 300 na administração municipal que se beneficiaram da saída do salário mínimo, bem como, todos os demais que ganham salários acima de R$ 1.100,00 que tiveram reajuste diferenciado na média entre 5% e 6% este ano, com alguns pontos diferenciados em relação, principalmente a técnicos de enfermagem, alguns profissionais de nível superior como os auditores, que tinham salário muito defasado que a gente fez alguns ajustes, entre eles o pessoal da área de finanças, os  fiscais de tributos que também tiveram um reajuste diferenciado de 14,9%  e os técnicos de enfermagem. Teve alguns cargos que o salário era muito baixo em relação à natureza do cargo, em relação à complexidade das atividades desenvolvidas e que a gente conseguiu fazer alguns ajustes mesmo com as dificuldades orçamentárias em relação ao governo. E paralelo a todo esse processo que consumiu mais de 6 meses do ano passado com foco na campanha salarial, o sindicato se associou a várias entidades sindicais, populares e estudantis da Região do Cariri nas tratativas e discussões em relação a alguns temas  nacionais, em especial o tema da reforma da previdência que o sindicato sempre participou sempre ativamente  das atividades aqui no Cariri. E para completar o ano o sindicato já iniciou a campanha salarial 2020. Já foram realizadas 10 assembleias, nove assembleias setoriais e uma geral que o foco foi, o carro chefe o reajuste salarial 2020. E dentro desse processo o sindicato trabalha muito em defesa dos interesses dos servidores no cotidiano, junto à administração pública sempre tem alguns pontos de tensionamentos com a administração como não pagamento, por exemplo, e agora recentemente da gratificação de desempenho fiscal dos servidores do setorial de arrecadação e fiscalização da auditoria do Município, atraso dos salários de novembro dos servidores da saúde. Além disso, tivemos no final do ano a confraternização do sindicato que foi bastante positiva pela avalição dos servidores, enfim, tivemos uma série de questões que exigiu muito da direção do Sisemjun e estamos com o mesmo pique para 2020. Retomamos agora os agendamentos dos atendimentos das ações judiciais que o sindicato teve êxito no final de 2019 que pode beneficiar algo em torno de 1.600 servidores isso também está demandando muito do tempo administrativo e da direção, tem a campanha salarial 2020 e vai ter a eleição neste primeiro semestre no sindicato, enfim, tem uma série de questões para a gente trabalhar.

Como está a campanha salarial 2020? 

Olha, eu me orgulho muito dentre as várias ações do sindicato a festa que são as assembleias setoriais. Historicamente o sindicato fazia uma ou duas assembleias, nós mudamos isso. Entendemos que precisamos escutar nossa base, precisamos estar próxima a base, e esse ano foi o ano que fizemos mais assembleias setoriais, em 2017 foram 8, em 2018 foram 7, e agora fizemos 9 assembleias setoriais exatamente para ouvir as queixas, as necessidades e as demandas dos vários setores que compõem o funcionalismo de Juazeiro do Norte. Só para que vocês possam entender foram aprovadas na pauta geral um total de 12 pautas geais tendo como foco central a questão do reajuste salarial. E a necessidade de o sindicato pressionar e trabalhar para que o governo homologue o concurso público pelo menos até o final do mês de janeiro.

Marcelo, é sobre o último concurso público?

É. Nós não trabalhamos sobre essa perspectiva. A conjuntura nacional tem um cenário próprio.  O governo Bolsonaro está restringindo os concursos públicos. A gente vai ter um panorama melhor de compreensão sobre a matéria de concurso público depois que o governo enviar sua proposta de reforma administrativa que a gente sabe que o governo deve fazer isso ao longo desse ano de 2020, como eles mesmos já sinalizaram quando tiver um ambiente político melhor. Eles raciocinaram que nos cenários de lutas da América Latina e da greve geral que já está com 29 dias na França.

(...)

A gente gosta de destacar para a população de Juazeiro e do país e para quem prestou concurso  e principalmente aos aprovados que esse concurso foi fruto de muita luta. O município ficou 9, 10 anos sem realizar concurso. Essa administração todo mundo sabia que orginalmente eles não tinham nenhuma iniciativa nesse sentido. Em 2017 quando terminou uma greve no âmbito do município o Poder Judiciário suspendeu e na mesma semana o governo municipal editou um processo seletivo para contratação de pessoal de uma forma absolutamente aviltante. O município precisando fazer concurso e esse mesmo município fazendo mais contratação temporária a gente mostrou para o governo que ele iria sim fazer concurso, fizemos uma representação judicial perante o Ministério Público o que gerou todo esse contexto atual do concurso público, com 1.815 vagas. Se a gente for contar com o cadastro de reserva são mais de 5 mil vagas que vai dar um upgrade muito forte para o serviço público de Juazeiro do Norte somando-se aos mais de 4.300 servidores que hoje existem em nosso município.

Você falou nas pautas gerais, no reajuste, na homologação do concurso e pautas específicas. Como vocês negociam? É uma mesa apenas de negociação?

São mais de 50 pautas específicas. Quem determina esse processo é o governo, a forma como negociar. A gente encaminha todas as pautas para o núcleo gestor da administração e a gente setoriza as específicas por secretário para que se possa ter uma melhor leitura. Só para que vocês possam entender, ano passado a pauta de 2019 totalizou 88 páginas. A gente ainda está consolidando a pauta de 2020. É um processo que a gente demora mais de 20 dias, envolve leitura releitura, pensar e escrever projetos de lei que não é só destrinchar meramente as pautas a gente tem que pensar muito para não propor abobrinhas para o governo. Mas o carro chefe é mesmo o reajuste salaria

Vocês têm ideia do que seria a reivindicação ou estão esperando algum outro cálculo?

Na assembleia geral do dia 11 de dezembro a categoria aprovou reajuste salarial igual ou superior a 7,82%. Quando a gente fez a assembleia a gente tinha uma projeção de inflação, a gente fez um cálculo projetando uma inflação algo me torno de 4%. Deve sair o resultado da inflação do ano até o dia 10 (de janeiro) mas a gente já sabe que por conta da energia elétrica, da carne e do combustível e agora o gás de cozinha, a inflação deve ficar, a gente está esperando uma expectativa de 4,05 a 4,15%. A nossa proposta é simples e envolve a inflação mais as perdas ocorridas no ano de 2016.

Mas por que as perdas ocorridas em 2016?

Em 2016 e 2017 os servidores tiveram perdas salariais em relação à inflação. Os reajustes concedidos foram menores do que a inflação daquele período. A inflação foi de 10,67 e o reajuste de 7%. Em 2017, primeiro ano do Governo Arnon foi aquele desastroso reajuste escalonado abaixo da inflação. A gente não está falando de ganho real a gente tá falando de reajuste, de reposição de perdas salariais. Estamos tentando apenas por enquanto reaver o que a gente perdeu no passado.  Reajuste de 2019 a gente conseguiu reaver uma parte, só que longe das perdas que ocorreram em 2016 e 2017. É no mínimo 7,82%  só que a categoria aprovou, como ao longo desse ano a gente conseguiu uma legislação mais adequada em relação à matéria do salário base dos servidores, onde cada cargo aprovou o valor de seu salário base, por exemplo, o pessoal  auxiliar de serviços gerais a proposta de reajuste deles vai ser um pouco maior do que 7,82%. A gente entende o 7,82% como um piso sendo que os valores dos reajustes de cada eles variam sendo sempre superior a 7,82%.

Participação do SISEMJUN no programa ContraPonto,

da Rádio Iracema, 91.9 FM